No início da primavera recebi inúmeras mensagens saudando-a. Os blogs estavam repletos de flores. Olhei para um lado, olhei para o outro e nada vi dessa realidade ao meu redor. Os dias começaram a ficar cinzentos, temperaturas altas, de repente baixas e assim continuam os dias.
As flores que nasceram com bastante antecedência à entrada da primavera, no ano passado, nos poucos vasos de plantas que tenho, não deram o ar da graça.
Flores eu não vi em nenhuma parte por onde passei. O Rio não cultiva flores. Com o tempo seco, as flores do Parque do Flamengo, sumiram. Até os dois ipês rosas , em frente ao aeroporto Santos Dumont, ficaram carecas. Depois descobri que sua florada é de curta duração.
O bougainville frondoso e florido, ao lado de um pequeno parque dentro do Aterro do Flamengo, também minguou.
Meu Deus, onde estão as flores desta cidade ??? Apesar de não ter condição de sair por todos os lugares, fiquei indócil: deve haver flores em alguma parte, além das floriculturas.
Inspirada, fui caminhar no parque do Flamengo, munida da minha máquina fotográfica. Lá é o lugar! Com certeza encontrarei algumas flores, pensei.
Maravilha! Logo que cheguei, na primeira curva, exatamente na entrada do parque, deparei-me com árvores floridas: um lindo ipê rosa e uma resedá ou extremosa (descobri seu nome depois, pesquisando na internet). Muitas outras desta encontrei no meu caminho e todo o tempo confundia com ipê, pois são muito parecidas. Aliás, fiquei encantada, pois não imaginava que tínhamos tantos ipês e resedás no parque do Flamengo.
Após caminhar um quarto do meu trajeto, encontrei bicicletas para alugar. PERFEITO! Pedalar, sentir o delicioso vento no rosto e ir mais longe do que imaginara. Imediatamente aluguei uma, que se encontrava bem debaixo de um ipê e uma resedá. Lindas!
Comprovando a mudança dos tempos, encontrei algumas amendoeiras perdendo suas folhas avermelhadas. Ora, lá é época para isso...??? Já é hora de estarem repletas de novas folhas, bem verdes. É primavera!
Os flamboyants estavam sem flores e em muitas outras árvores elas começavam a despontar timidamente.
E finalmente eis que surge: imponente, volumosa com uma floração das mais lindas que já vi em uma palmeira, a TALIPOT ou do Ceilão, preferida de Burle Marx.
Ela só floresce uma vez na vida. E depois morre. Ocorre entre os seus 40 e 70 anos de idade.
A primavera está aí e eu a sinto dentro de mim com a sensação de esperança renovada, aconchego dos dias, acompanhada do seu colorido e perfume.
É só levar seu olhar até ela.
Fotos: Marluci Costa
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