quinta-feira, 26 de julho de 2012

Por onde anda René?





Hoje é o dia dos Avós.  Assim está escrito na minha folhinha do Sagrado Coração de Jesus, que fica na parede da minha cozinha, tal qual era na casa da minha avó.  Também há uma citação sobre a saudade.  Mas não foi da minha avó que me lembrei e senti saudade.   Foi de um amigo que eu tive dos 16 aos 18 anos, mas que nunca mais vi.  Seu nome:  René.  Para não dizer que não mais o vi, encontrei-o muitos anos depois,  num daqueles encontros, quando a gente se “esbarra” na rua e diz “Olá como vai?  Eu vou indo e você tudo bem?”.  E assim seguimos com ajuda dos versos do Paulinho da Viola.  Mesmo nessa época globalizada, com tantas redes sociais e o Google, ainda não consegui encontrá-lo.

Eu e René firmamos a nossa amizade num daqueles grupinhos de adolescentes que ficavam reunidos nas ruas da zona sul do Rio de Janeiro, principalmente nas férias de verão e festas, praia, cinema, em frente a algum prédio...  Geralmente esse prédio era onde morava a maioria da turma.  Assim era na década de 70! Assim era lá no meu querido bairro do Flamengo.

Voltando ao meu amigo René...  Eu o conheci quando tinha meus 16 anos e ele tinha 18.  René iniciava sua vida profissional num programa de  humor na TV Globo chamado Planeta dos Homens.  Para quem não lembra, era um programa que, na abertura, uma bailarina saia de dentro de uma banana descascada por um macaco.  Pois é, René fazia figuração e era um figurante bem expressivo!  Ele tinha os olhos grandes e sabia como usá-los, fazendo aparecer mais do que os outros.  Seu pai, já falecido, foi um humorista antigo, que tinha como amigo o Jô Soares, e este, em consideração, arrumou esse “bico” para o filho.   Eu adorava quando o  René me contava as fofocas dos bastidores!

Meu amigo era companheirão!  Adorávamos andar de bicicleta! E assim íamos do Flamengo à praia do Leme, pedalávamos pelas ruas do bairro e, é claro, passeios bastante longos pelo nosso jardim:  o parque do Flamengo.  Num desses passeios, conseguimos burlar o guarda que ficava na guarita da entrada para a ilha da escola Naval.  Para isso, precisávamos cruzar a pista de pouso e decolagem do aeroporto Santos Dumont.  Ao invés de prosseguirmos, resolvemos parar na pista e assistir aos aviões chegarem e partirem.  Deitamos na cabeceira da pista, deixando as nossas bicicletas ao lado e ficamos acompanhando, inocentemente, as decolagens.

Após algum tempo, pressentimos que havia alguma coisa errada, pois os aviões pararam de decolar.  Levantamos e vimos uma Kombi vindo em nossa direção. Ela parou ao nosso lado e de dentro dela saíram uns 6 homens.  Aí a situação começou ficar bastante tensa!  Todos falavam ao mesmo tempo e finalmente um deles se fez entender.  Eles eram da segurança do aeroporto e estavam ali para nos retirar do local.  Foi um discurso e tanto!  Ele nos pregava o sermão e ao mesmo tempo nos mostrava o perigo que nós passamos ao ficar ali deitados na cabeceira da pista.  O vento provocado pelo avião na decolagem poderia ter nos arrastado para o mar, ou pior, para as pedras entre a pista e o mar, ocasionando uma tragédia! Fora o tempo que o aeroporto ficou parado desde quando detectaram a nossa presença.

Quando eu conto essa história sempre digo que na minha juventude eu era moça de “fechar aeroporto”!

E o René?  Nunca mais!  Dois anos após este episódio, ele fez um almoço (já morava sozinho) e então se declarou para mim.  Como eu o queria apenas como um amigo muito querido, aos poucos fui me afastando.

Mas agora eu gostaria de saber:   por onde anda René?


Marluci Costa

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Dei asas aos meus livros... Ou a minha imaginação?


Nossa!  Nunca havia percebido que possuía quantidade tão grande de livros! Já são quatro andares de estante, em fila dupla!  E pensar que tudo isso começou após tê-lo conhecido   Acabei sendo influenciada...   Logo eu, que sempre fui contrária a reter livros a um único dono; devemos circulá-los, é assim que eu penso!  “Livro bom é livro livre”, já dizia o escritor Carlos Alberto Castelo Branco.
Chegou a hora de libertá-los! 

-  Venham, venham, meus meninos!  Clássicos e contemporâneos, nacionais e estrangeiros, didáticos e de entretenimento, ficção e não-ficção, mais vendidos ou simplesmente escolhidos pela sinopse.  Todos juntos num aglomerado de letras, frases, palavras ...

Abro ao máximo a minha janela, nesta linda manhã de domingo outonal e os lançarei daqui do décimo primeiro andar às nuvens, para que encontrem leitores em busca das mesmas emoções e encantamentos as quais experimentei.

-   Todos vocês marcaram épocas e momentos da minha vida! Agora está na hora de levar prazer, ou não, ao maior número de pessoas.
-   Vá meu pequeno príncipe com a sua doçura e emocione alguma miss.  – Jovem Anne Frank, leve a sua esperança aos desesperados. – Severina, conte a todos como sofre o migrante nordestino!  -  Alquimista, ajude os leitores ávidos de auto-conhecimento a entender os mistérios que acompanham a humanidade e deixe o universo conspirar a favor de todos!  -  Cavalinhos de Platiplanto, tragam a magia para a dura realidade do nosso cotidiano.   -  G.H., não angustie demais os leitores com a sua barata nojenta!   -  E Vocês, Lucíola e Paulo, vão ser felizes, vão!

...

-  Hum?  Hã?  Nossa!  Que sonho louco!   O que é isso?  A estante está vazia?  Onde foram parar os livros?
Não acredito!  Esse maldito interfone de manhã cedo !!!!

-  Alô?  Sim?  O que?  Livros?  Os viram saindo voando pela minha janela?  

-  Liga não, Zé, são apenas meus livros que finalmente criaram asas!!!!





Marluci Costa