domingo, 9 de outubro de 2011

Sons da praia num sábado de sol.


Manhã linda de primavera.  Prêmio para aqueles que passam os cinco dias da semana enclausurados num escritório.  Como eu !
Não há como não sair ao sol.   Presenteio-me com uma manhã na praia.  Quero “crocodilar” !  Descansar a mente, refletir em algumas questões da vida, ler um jornal...

O dia está de agradável pra quente!  Brisa gostosa ...




    
  
Chego na praia, ainda vazia, fixo a minha cadeira e jogo a minha canga por terra, quer dizer, por areia.  Em seguida me jogo sobre ela.  Momento de dar um bronze na esquecida costa.
“Ai que delícia!  Paz merecida!” , penso eu.   Ledo engano!  Os sons começam a me incomodar.

“Picolé da Kibon!   Criança não paga!  Quem paga é a mãe!”
“Geladão:  limão e mate!
Biscoito é GLOBO.  Limão e Mate!”



O tempo vai passando , o calor vai aumentando e mais e mais sons vão surgindo.

“Geladão:  limão e mate!  Biscoito é GLOBO.  Limão e Mate!”
“O dia ta lindo!”  “Eu tenho chapéu.   Eu tenho óculos e bronzeador!”  “Obrigado meu Deus por esse dia !”  “Biscoito é GLOBO!  Vai?”  “É dois na minha mão.” “Alô mate!  Alô limonada. Vai mate ai?”  


 


Não dá!  Me levanto,  sento na minha cadeira e tento ler o jornal. E o fundo sonoro continua.

“Sal e doce, GLOBO!” “Alô esfirra aí!   Fresquinha aí!”  “Coca-Cola, água e cerveja!”  “Olha o óleo aí!  Bronzeador, protetor solar aí!”  “Picolé da Kibon, Nestlé, Itália!” “Vai limonada.   Vai mate.”  “Eu sou o verdadeiro vendedor.  Cheguei tarde, mas cheguei!”  “Picolé da Muleka!”  “Eu sou o canto árabe!  É quiiiiiiibe!  É esfiiiiiiiirra!”  “Ô GLOBO hein?!?!   Coca=Cola!   Cerveja!  Guaraviton!  Cerveja!” “Ô empada!  Alô salgado!”

Para completar a barulheira: Vrrrrrrrrrrrrrrruuuuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmm  Lá vai!  Lá vem!  É o triciclo-motor dos policiais de areia.




   

Desisto!  Já bebi minha garrinha de água.   Agora preciso do meu tradicional mate de botijão.  Por alguns anos ficou proibido vender mate nesse tipo de recipiente.  Graças a Deus voltou!  Esse é o melhor acompanhamento para o biscoito GLOBO.  Não consigo escrever “GLOBO” em minúsculo.   É assim que eu o vejo.

Olho para todos os lados. Um casal sentado ao meu lado deve ter achado que eu estava de olho neles e se mudam!   Ainda bem!   Detesto gente grudada em mim.   A praia enorme, cheia de espaço e eles grudaram em mim!  Praia em cidade grande tem muito disso.  Acho que é atração para ficar perto de outras pessoas, para evitando assim um roubo.    Se você tem outra teoria, por favor, me diga.

Cadê meu mate de botijão?  Será que hoje não vai ter?  É sábado!   De sol!   Até agora nada...

Finalmente surge no horizonte a cor laranja do meu herói, com seus dois botijões de mate e limão, um em cada ombro.


Mate com um dedinho de limão.”  É assim que eu peço.



Satisfeita.  Recolho tudo e pego o caminho de casa.

Os sons da praia ficam para trás.  Pelo menos aqui de Copacabana!



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6 comentários:

Rosamaria disse...

Bom é praia pequena, desconhecida deles. Em Floripa a gente ainda acha. Leva um lanche, água e os apetrechos que se pode carregar e aí, sim, descansa. Praia grande, além da areia grudando, tem crianças jogando e outras coisas além desta serenata que tão bem descreveste. O bom é a caipirinha e o croquete de siri, hehehe.
Bjim

Vânia Rosa disse...

Marluce, eu adoro praia também, mas estou antipatizada com o excesso de barulho que se instalou em nossa Cidade. Para todo lado que se vai é um barulho infernal. Os mais irritantes talvez sejam os carros com sons altíssimos e que seus donos estão se lixando com o seu próximo: prova de total desrespeito. Por que as pessoas estão tão ruidosas? Será para abafar os seus gritos interiores insensatos e desagradáveis? Eu não sei, só sei que estou ficando pouco paciente com isto tudo. Beijos

Corina Motta disse...

Marluci, bons tempos aqueles em q as praias do Rio não eram tão "sonorizadas", e a areia me parecia maior....não tinha roubo nem arrastão, só mate/limão ( q aliás tb gostava só o dedinho..), o GLOBO, o carrinho da Kibon, e os radinhos de pilha, todos sintonizados na mesma estação...não nos preocupávamos com bloqueador solar, etc..etc...mas valeu a sua ida a praia, e a crônica, senti saudade!!!Bjhs."

Marluzis disse...

Pois é meninas, eu falei apenas dos vendedores, faltou falar dos frequentadores. As besteiras que a gente houve não iam caber aqui no blog. rsrsrs

Rosa, preciso conhecer as praias de Floripa. estive lá este ano, muito rapidamente e amei a ilha.

Vânia, mo em Copacabana e poucas vezes me atrevo ir à praia. Também não tenho mais paciência.

Corina, às vezes eu me inspiro e apareço por aqui. Mas voltando à praia de antigamente, quanta loucura de bronzeador fizemos, né?

Obrigada, meninas!

Wanderley Wesley Nogueira Marques disse...

Esses sons são típicos da praia carioca... biscoito GLOBO, matte LEÃO, guaraviton, picolé "da Kibon"... não há em outra praia fora das fronteiras de nosso RJ e que combine tão bem. Só passei a dar valor a este som quando frequentei praias em outros estados, no nordeste principalmente. Acho que o pior som foi justamente o do bugre, pois este também tem em outras praias. Lindo o seu texto, parabéns!!!

Lili Sampaio disse...

Muito bom o texto...............muito real..........me senti na praia! Bjos marluce!