
Eu
e René firmamos a nossa amizade num daqueles grupinhos de adolescentes que
ficavam reunidos nas ruas da zona sul do Rio de Janeiro, principalmente nas
férias de verão e festas, praia, cinema, em frente a algum prédio... Geralmente esse prédio era onde morava a
maioria da turma. Assim era na década de
70! Assim era lá no meu querido bairro do Flamengo.

Meu
amigo era companheirão! Adorávamos andar
de bicicleta! E assim íamos do Flamengo à praia do Leme, pedalávamos pelas ruas
do bairro e, é claro, passeios bastante longos pelo nosso jardim: o parque do Flamengo. Num desses passeios, conseguimos burlar o
guarda que ficava na guarita da entrada para a ilha da escola Naval. Para isso, precisávamos cruzar a pista de
pouso e decolagem do aeroporto Santos Dumont.
Ao invés de prosseguirmos, resolvemos parar na pista e assistir aos
aviões chegarem e partirem. Deitamos na
cabeceira da pista, deixando as nossas bicicletas ao lado e ficamos
acompanhando, inocentemente, as decolagens.
Após
algum tempo, pressentimos que havia alguma coisa errada, pois os aviões pararam
de decolar. Levantamos e vimos uma Kombi
vindo em nossa direção. Ela parou ao nosso lado e de dentro dela saíram uns 6
homens. Aí a situação começou ficar
bastante tensa! Todos falavam ao mesmo
tempo e finalmente um deles se fez entender.
Eles eram da segurança do aeroporto e estavam ali para nos retirar do
local. Foi um discurso e tanto! Ele nos pregava o sermão e ao mesmo tempo nos
mostrava o perigo que nós passamos ao ficar ali deitados na cabeceira da
pista. O vento provocado pelo avião na
decolagem poderia ter nos arrastado para o mar, ou pior, para as pedras entre a
pista e o mar, ocasionando uma tragédia! Fora o tempo que o aeroporto ficou
parado desde quando detectaram a nossa presença.
Quando
eu conto essa história sempre digo que na minha juventude eu era moça de
“fechar aeroporto”!
E
o René? Nunca mais! Dois anos após este episódio, ele fez um
almoço (já morava sozinho) e então se declarou para mim. Como eu o queria apenas como um amigo muito
querido, aos poucos fui me afastando.
Mas
agora eu gostaria de saber: por onde
anda René?
Marluci Costa