quarta-feira, 15 de junho de 2011

ANDAR DE BARCA NÃO FOI MÁGICO.




Por muitos anos, entre a minha infância e adolescência, fui uma freqüente passageira da travessia Rio-Niterói nas suas famosas barcas (na época eu e meus irmãos as chamávamos de “lancha”).  Pelo menos, dois domingos por mês, eu, meus pais e meus irmãos íamos passar o dia na casa da minha avó, do outro lado da poça (como os cariocas chamam a baía da Guanabara).

Hoje, com a ponte,  seria uma viagem bem mais rápida.  Mas naquela época precisávamos pegar um ônibus da nossa casa até a Praça Quinze, depois uma barca e, chegando na praça do Araribóia, em Niterói, mais um ônibus até a casa da minha avó.

A outra opção eram os ferry-boats, barca que atravessava os veículos antes da inauguração da ponte até Niterói.  Mas como não tínhamos carro, não nos servia.  Apenas uma vez fizemos essa travessia com o carro de um amigo. Adoramos!  Depois, com a ponte, reduzimos para uma baldeação. Usávamos o ônibus 996 - Leme-Charitas – e no Centro de Niterói, outro ônibus até a casa da Dona Odete.

Nesta semana precisei resolver um assunto no Centro de Niterói e me entusiasmei em poder usar novamente uma barca como meio de transporte, o que sempre achei bastante bucólico.
Estava eu ansiosa para repetir aquele tipo de travessia que não faço há muitos anos.  Fui recentemente à Paquetá, mas é diferente!

Lá estava eu na bilheteria e entrando no terminal quando veio a minha primeira decepção: mudaram os portões que me faziam sentir em um curral no momento da sua abertura (estouro da boiada). Isso sem falar no enorme barulho que fazia e com isso avisava que era hora de sairmos dali.  Agora são silenciosas portas de vidro.

Não pude entrar pela lateral, como sempre gostava de fazer.
Entrei pela frente e logo percebi que a barca era de menor tamanho.
Sentei-me à direita, em um dos seus bancos acolchoados (CADÊ OS BANCOS DE MADEIRA?), me posicionando para que quando ela fizesse aquela manobra tão bonita eu ficaria para o lado onde poderia admirar as praias niteroienses e também a entrada da Barra e ilha de Villegagnon.

Logo, mais decepção: As portas foram todas fechadas e as janelas eram pequenas e altas demais para que eu pudesse admirar a paisagem; só mesmo me levantando.
Cadê o vento gelado gostoso no rosto, no cabelo, no corpo?

Chegou a hora da partida.  Ela não apitou como sempre fazia e saiu de ré sem fazer a famosa manobra. Eu não entendi nada.  DE RÉ???   O que estava acontecendo?

Procurei relaxar e abri o meu livrinho e entrei na leitura.  Li umas três páginas, olhei pela janela, dando uma leve levantada da cadeira e verifiquei que já estávamos chegando. Novamente não entendi nada. Doze minutos de viagem, contra os 20 do passado?
Será que errei?  Aquilo era um antigo aerobarco, que hoje chamam de catamarã?
Ao sair pude perceber que a partir da metade da barca, os bancos ficavam virados para o outro lado.  Ou seja, a proa ora era popa e a popa ora era proa. Dá para entender, né?

Tinha esperança de voltar em uma das antigas, mas infelizmente outra decepção?!??!  Agora era a URCA III, igualzinha à GÁVEA I em que eu fui!!! Isso já era um complô com a minha esperada travessia  bucólico!

Cheguei ao Rio um pouco decepcionada, mas feliz por encontrar em Niterói um pequeno e simpático armarinho, onde pude comprar coisas que procurava aqui pelo Rio e não encontrava, a não ser que eu fosse numa dessas enormes lojas que ATÉ vendem artigos de armarinho.

Neste sábado tive uma ótima notícia!  Os 439 bombeiros presos na sexta-feira retrasada, pela invasão do QG, foram libertados e voltaram para o Rio numa barca.
Gente! Numa daquelas antigas: a IPANEMA, minha velha conhecida.
Estou muito feliz por eles, pelo o que isso representa e mais ainda porque além de sentirem o gostinho da liberdade, eles puderam sentir tudo aquilo que eu queria sentir e não consegui.


Fotos:  Google.

4 comentários:

Rosamaria disse...

Tens feito lindos passeios, guria!

Tem um selinho pra lá no blog.
Bjim.

Banny Gerwing disse...

eu sempre gostei muito dessas barcas, ainda tem das antigas?

Cecilia Braune de Castro disse...

A minha vida é marcada por essas velhas barcas, com entrada pela frente e atrás, atracava dos dois lados, saudades de Paquetá...

Anônimo disse...

É: lembro-me, vagamente, de uma barca da Cantareira. Penso que era esse o seu nome. Era engraçada; a gente entrava por trás a saí pela frente uma vez que ela acostava não só pela proa como pela ré. Levava os carros e no convés íamos advinhando o nome das pequenas ilhotas da baia. Agora há o raio dos catamarãs que mal a gente se senta aquela coisa já está a chegar ao destino.

Zé do Telhado