sexta-feira, 11 de maio de 2012

Le passe-murailles, um homem capaz de passar as paredes.




"À Montmatre existia um homem chamado Dutilleul e ele tinha um dom muito peculiar de atravessar os muros sem ser incomodado...".

E assim Marcel Aymé cria a lenda do "passe-muraille", o homem que consegue atravessar as muralhas, como se fosse um espírito.

Com seu romance denominado "Passe Muraille", Aymé descreve o cotidiano de seu personagem principal que vive na Rue Norvis, no 18ème Arrondissement, exatamente no mesmo lugar onde o autor morava.

Em homenagem à essa obra, uma estátua foi erguida onde hoje fica a Place Marcel Aymé, em Montmartre. Um passeio obrigatório para quem anda pelas ruas do bairro...



(Extraído: http://www.nosnomundo.com.br/2011/01/passeando-a-pe-em-montmartre/ )



Foto:  Marluzis - maio 2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Livro bom é livro livre (*)



Outro dia, conversando com uma colega de trabalho, falávamos sobre desapego de um modo geral (este exercício diário que tenho tentado realizar).   Até que chegamos ao tema “livros”.  Sempre senti a necessidade de fazê-los circular.  Ter uma grande biblioteca nunca foi o meu objetivo.  Essa colega compartilhou comigo o mesmo pensamento.   Contou-me que seu pai havia escrito uma crônica que falava exatamente sobre isso e o seu título  “Livro bom é livro livre”  traduziu todo o sentimento que sempre tive em relação aos livros e, que agora, volta a bater forte dentro de mim.

Não sei o porquê, de uns tempos para cá resolvi guardá-los.  Já possuo três andares de estante, em fila dupla, de livros.  Isso começou a me incomodar... 
Após esse papo, resolvi que está na hora de torná-los livre para que outras pessoas sintam a mesma emoção que senti ao lê-los.




Bem,  vamos à crônica do escritor  Carlos Alberto Castelo Branco.

“Se encontrar por aí um livro que você escreveu com dedicação, talento e esforço e autografou para mim como prova de amizade e admiração, não fique : chateado, triste, abatido, decepcionado, frustrado , inconformado ou puto da vida. Tenho horror a livro preso em estantes e habitualmente pego todos os que li e gostei e transfiro para uma biblioteca pública, um asilo, uma escola. Acho que é uma forma de repartir o prazer que eles me deram e difundir, ainda mais, o nome dos autores. 
Não vendo meus livros, nem meus amigos. Você pode até encontrar algum livro autografado para mim num sebo – e fique sabendo que não tenho nada a ver com isso. A única livraria de quem recebo alguma coisa é a Elizarte, na rua Marechal Floriano, no Rio – e o que eu recebo é um sorriso do Arthur, o chefe da casa, que ama a literatura, como seu pai amou e, talvez, seu avô, também. O Arthur vende livros, mas não vende para qualquer um, sua clientela é de gente culta, inteligente, apaixonada por literatura e arte. Qualquer autor deveria ficar feliz, se visse um livro seu nas prateleiras da Elizarte. 
 A maior parte dos livros que rolam por aí , com dedicatória para mim, são autografados por amigos queridos. Os inimigos não mandam livros e nem eu compro os que eles escrevem. Rolam por aí romances, poemas, tratados que me foram dedicados por gente como Carlos Menezes, Clarice Lispector, Joaquim Branco, Ayrton Seródio, José Louzeiro, Ednalva Tavares, o pedríssimo P.J.Ribeiro, Ronaldo Werneck, Maurício Monteiro, José Júlio Braz, Frederico Gomes, Ivan Junqueira,Eraldo Quintanilha, Duílio Gomes. Claro que há um pouco de maldade nisso, como em tudo o que faço. Fico imaginando um bibliógrafo pontificando numa roda de intelectuais e jactando-se : "Encontrei um volume raríssimo do Marcelo Cabral. É autografado. A dedicatória é para um tal de Carlos Alberto Castelo Branco..." Olha eu aí pegando carona para a eternidade, né? 
Entendo que alguns autores não gostem disso. Certamente, são inseguros, ególatras, extremamente vaidosos. Aliás, se você, nas suas andanças, encontrar algum livro que escrevi e autografei para alguém, peço que me informe. Quero saber quem foi o canalha. Nunca mais lhe mando livros. Nunca mais falo com ele.”



(*)Título da crônica escrita por Carlos Alberto Castelo Branco : 
Nascido em Parnaíba, Piauí (1942), mora no Rio. 
Livros publicados :
"A máquina de pensar bonito contra o medo que o medo faz" . Editora Salamandra, Rio, 1986 ( Prêmio Instituto Nacional do Livro, Ministério da Educação); "O pai que virava bicho". Editora Lê, BH, 1986 ( Prêmio Monteiro Lobato, da Academia Brasileira de Letras); "Essas abomináveis criaturas de Deus" Editora José Olympio, Rio, 1989 ( duas vezes finalista da Bienal Nestlé de Literatura). Tem contos publicados no  Suplemento Literário Minas Gerais, no Jornal do Escritor e no Jornal de Letras. Em 2001 lançou Conexão Sardinha, Editora Nova Fonteira, dentro da coleção Primeira Página, que reúne obras inéditas escritas na melhor tradição literária da novela policial.

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domingo, 8 de janeiro de 2012

Hudson Conceição - Esculturas em jornal


Artesão.  Cria esculturas utilizando jornais.
Pernambucano de Maracaípe, Ipojuca.
Atualmente morando em Pirenópolis, Goiás.   Eu acho...
Cidadão do mundo...  Eu o encontrei em Paraty, debaixo de uma árvore, em frente à Igreja de Santa Rita, cartão postal da cidade.
Uma chuva forte chegava e o vento dava maior movimento às suas esculturas.  
Elas criaram vida...






sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

RECEITA DE ANO NOVO




Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
 (mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumadas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Encontro de Corais - Conservatória - Molho Inglês

Neste último final de semana fui ao Encontro de Corais em Conservatória - RJ (cidade da seresta), acompanhando o coral da ELETROBRAS.  Que por sinal fez bonito! Aplaudidíssimo!  Infelizmente não consegui filmá-lo.


Nesta cidade, que respira e exala música, tive a oportunidade de tomar um delicioso chocolate quente ao som de um outro coral, o MOLHO INGLÊS, cuja regente é a mesma do coral da ELETROBRAS -  Crismarie Hackenberger, que é componente do grupo vocal BR6.


Eles escolheram cantar somente em inglês e estão se saindo muito bem "na fita".
Como eu estava junto com a "tiurma", consegui esse momento exclusivo.


E com vocês...  Molho Inglês !!!  Cantando...  I can see clearly now, de Johnny Nash.




Eles estarão amanhã na livraria Saraiva do shopping Rio Sul.  Se puderem, confiram!




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domingo, 16 de outubro de 2011

Paraty, cidade cenário musical





Paraty está pronta e ali podemos viver qualquer história.  Não falta cenário ou fundo musical.  Andar no centro de Paraty, principalmente à noite, é ter uma trilha sonora te acompanhando por todo o tempo.

De cada barzinho ou restaurante sai uma música diferente,  Não aquelas que nos afugentam ou estouram nossos tímpanos com violentas marteladas.  São músicas melodiosas, que nos fazem estar ali e não estarmos ao mesmo tempo.

Além da viagem obrigatória no tempo que, inevitavelmente, a cidade nos leva, somos embalados por essas músicas numa viagem sem fim.   Podemos pegar carona nas já existentes ou criamos a nossa.





Paraty é um cenário de beleza estonteante: parte natural e parte erguida pelo homem, posando com graça às lentes que a admiram de todos os ângulos.

Então, vamos lá! Abrir bem os olhos, escolher o cenário e...  clic ou...  ação.







Fotos:  Marluci Costa (setembro/2011)

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domingo, 9 de outubro de 2011

Sons da praia num sábado de sol.


Manhã linda de primavera.  Prêmio para aqueles que passam os cinco dias da semana enclausurados num escritório.  Como eu !
Não há como não sair ao sol.   Presenteio-me com uma manhã na praia.  Quero “crocodilar” !  Descansar a mente, refletir em algumas questões da vida, ler um jornal...

O dia está de agradável pra quente!  Brisa gostosa ...




    
  
Chego na praia, ainda vazia, fixo a minha cadeira e jogo a minha canga por terra, quer dizer, por areia.  Em seguida me jogo sobre ela.  Momento de dar um bronze na esquecida costa.
“Ai que delícia!  Paz merecida!” , penso eu.   Ledo engano!  Os sons começam a me incomodar.

“Picolé da Kibon!   Criança não paga!  Quem paga é a mãe!”
“Geladão:  limão e mate!
Biscoito é GLOBO.  Limão e Mate!”



O tempo vai passando , o calor vai aumentando e mais e mais sons vão surgindo.

“Geladão:  limão e mate!  Biscoito é GLOBO.  Limão e Mate!”
“O dia ta lindo!”  “Eu tenho chapéu.   Eu tenho óculos e bronzeador!”  “Obrigado meu Deus por esse dia !”  “Biscoito é GLOBO!  Vai?”  “É dois na minha mão.” “Alô mate!  Alô limonada. Vai mate ai?”  


 


Não dá!  Me levanto,  sento na minha cadeira e tento ler o jornal. E o fundo sonoro continua.

“Sal e doce, GLOBO!” “Alô esfirra aí!   Fresquinha aí!”  “Coca-Cola, água e cerveja!”  “Olha o óleo aí!  Bronzeador, protetor solar aí!”  “Picolé da Kibon, Nestlé, Itália!” “Vai limonada.   Vai mate.”  “Eu sou o verdadeiro vendedor.  Cheguei tarde, mas cheguei!”  “Picolé da Muleka!”  “Eu sou o canto árabe!  É quiiiiiiibe!  É esfiiiiiiiirra!”  “Ô GLOBO hein?!?!   Coca=Cola!   Cerveja!  Guaraviton!  Cerveja!” “Ô empada!  Alô salgado!”

Para completar a barulheira: Vrrrrrrrrrrrrrrruuuuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmm  Lá vai!  Lá vem!  É o triciclo-motor dos policiais de areia.




   

Desisto!  Já bebi minha garrinha de água.   Agora preciso do meu tradicional mate de botijão.  Por alguns anos ficou proibido vender mate nesse tipo de recipiente.  Graças a Deus voltou!  Esse é o melhor acompanhamento para o biscoito GLOBO.  Não consigo escrever “GLOBO” em minúsculo.   É assim que eu o vejo.

Olho para todos os lados. Um casal sentado ao meu lado deve ter achado que eu estava de olho neles e se mudam!   Ainda bem!   Detesto gente grudada em mim.   A praia enorme, cheia de espaço e eles grudaram em mim!  Praia em cidade grande tem muito disso.  Acho que é atração para ficar perto de outras pessoas, para evitando assim um roubo.    Se você tem outra teoria, por favor, me diga.

Cadê meu mate de botijão?  Será que hoje não vai ter?  É sábado!   De sol!   Até agora nada...

Finalmente surge no horizonte a cor laranja do meu herói, com seus dois botijões de mate e limão, um em cada ombro.


Mate com um dedinho de limão.”  É assim que eu peço.



Satisfeita.  Recolho tudo e pego o caminho de casa.

Os sons da praia ficam para trás.  Pelo menos aqui de Copacabana!



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